quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Dislexia

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Dislexia
Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração,
a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula.
Pesquisas realizadas em vários países mostram que cerca de 10 a 15% da população mundial é
disléxica.
Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção,
desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária
com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar,
sobre a qual falaremos mais adiante. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento
pós diagnóstico mais efetivo, direcionado às particularidades de cada indivíduo, ou resultados
concretos.
Pré-escola:
Fique alerta se a criança apresentar alguns desses sintomas:
. Imaturidade no trato com outras crianças.
. Fraco desenvolvimento da atenção.
. Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem.
. Atraso no desenvolvimento visual.
. Dificuldade em aprender rimas e canções.
. Fraco desenvolvimento da coordenação motora.
. Dificuldade com quebra-cabeças.
. Falta de interesse por livros impressos.
O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica necessariamente que ela seja disléxica;
há outros fatores a serem observados. Porém, com certeza estaremos diante de um quadro que
pede uma maior atenção e/ou estimulação.
Idade escolar
Nesta fase, se a criança continua apresentando alguns ou vários dos sintomas à seguir, é
necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado, para que possa prosseguir seus estudos
junto com os demais colegas e não tenha prejuízos emocionais:
. Dificuldade na aquisição e automação da leitura e
escrita.
. Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início
das palavras).
. Desatenção e dispersão.
. Dificuldade em copiar de livros ou da lousa.
. Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura, etc.) e/ou grossa (ginástica, dança,
etc.).
. Desorganização geral, podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares.
. Dificuldades visuais, como por exemplo, podemos, perceber com certo impacto, a desordem dos
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trabalhos no papel e a própria postura da cabeça ao escrever.
. Confusão entre direita e esquerda.
. Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc..
. Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas.
. Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados, etc.
. Dificuldade em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto, etc..
. Dificuldade na matemática e desenho geométrico.
. Problemas de conduta como: retração, timidez excessiva, depressão, e menos comum, mas
também possível, tornar-se o "palhaço" da turma.
. Grande desempenho em provas orais.
Se nessa fase a criança não for acompanhada adequadamente, os sintomas persistirão e irão
permear a fase adulta, com possíveis prejuízos emocionais, além de sociais e laborais.
Adulto
Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar, ou se possível pré-escolar, o adulto
disléxico ainda apresentará dificuldades:
. Continuada dificuldade na leitura e escrita.
. Dificuldade para soletrar.
. Memória imediata prejudicada.
. Dificuldade em nomear objetos e pessoas(disnomia).
. Dificuldade com direita e esquerda.
. Dificuldade em aprender uma Segunda língua.
. Dificuldade em organização geral.
. Comprometimento emocional.
Diagnóstico
Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnostico multidisciplinar, só indicam um
distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não para por aí, os mesmos sintomas
podem indicar outras situações, como lesões, síndromes, etc.
Então, como diagnosticar a dislexia?
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na
escola ou mesmo em casa, deve se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar, formada por psicóloga, fonoaudióloga e psicopedagoga clínica deve
iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior
abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros
profissionais, como neurologista, oftalmologista e outros, conforme o caso.
A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o
diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de Avaliação Multidisciplinar e de Exclusão.
Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou deficiências
auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas ou adquiridas), desordens afetivas anteriores ao
processo de fracasso escolar (com os constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar
prejuízos emocionais, mas estes são conseqüência, não causa da dislexia), e outros distúrbios de
aprendizagem, como: o déficit de atenção, a hiperatividade (ambos podem ocorrer juntas, é o
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DAAH - Déficit e Atenção e Aprendizagem com Hiperatividade; lembrando que a hiperatividade
também pode ocorrer em conjunto com a dislexia).
Neste processo ainda é muito importante: tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o
histórico familiar e de evolução do paciente.
Essa avaliação não só identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim como permite um
encaminhamento adequado a cada caso, através de um relatório por escrito.
No caso da dislexia, o encaminhamento orienta o acompanhamento consoante as particularidades
de cada caso, o que permite que este seja mais eficaz e mais proveitoso, pois o profissional que
assumir o caso não precisará daquele tempo, (muitas vezes indeterminado) para identificação do
problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes para o caso. Conhecendo as
causas das dificuldades e os potenciais do indivíduo, o profissional pode utilizar a linha que achar
mais conveniente. Os resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva. O
acompanhamento profissional dura de dois a cinco anos, dependendo do caso.
Ao contrário de que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas dificuldades. Ele responde
muito bem a tudo que passa para o concreto. Tudo que envolve os sentidos é mais facilmente
absorvido. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento
entre profissional e paciente.
Outro passo importante a ser dado é definir um programa em etapas, e somente passar para a
seguinte , após confirmar que a anterior foi devidamente absorvida e sempre retomando as etapas
anteriores. É o que chamamos de sistema Multissensorial e Cumulativo.
Também é de extrema importância haver uma boa troca de informações, experiências e até
sintonia dos procedimentos executados, entre profissional, escola e família.

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